sábado, 15 de agosto de 2009

Segundo show, segundo ato

Lágrimas do sol. Ele grita, ele queima, ele vira . Com ele eu pinto as barreiras do meu mundo, como Alice, como Coraline, como os outros contos de fadas. Só meu. Uma barreira impenetrável. Uma barreira invísivel. Invísivel para aqueles que não sonham. Invísivel para aquelas que não acreditam. Invísivel para qualquer um que tentar entrar em minha mente, e fazer de mim apenas mais uma escrava da mesmisse que circunda minhas entranhas, que invade meus olhos que atiça meus medos, que me faz abaixar a cabeça, que me empurra para trás. Eu corro. Eu enfrento os meus dragões. Eu enfrento meus trasgos. Eu escalo minhas torres. Eu enfrento minhas bruxas. Mas nenhum príncipe, nenhuma fada, nenhum cavalo, nem meus guerreiros, nem nada me espera do lado de fora. Eu me atiro no chão. A saudade me apunhala. E o bicho-papão me leva de volta para meu reino. Sozinha, com meus dragões, meus trasgos, minhas torres, minhas bruxas. Sozinha. Eu e o nada. Eu e o tudo.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Bis

             Dez razões para odiar os amigos

   1. Quando dizem uma coisa e fazem outra
   2. Quando contam seus segredos
   3. Quando falam mal de você pelas costas
   4. Quando dizem 'seus inimigos são meus inimigos'
   5. E no outro dia estão junto com eles
   6. Quando aproveitam suas ideias
   7. Quando te deduram
   8. Quando fazem tudo pelas suas costas
   9. Quando tentam esconder algo de você
E o pior de tudo
   10. Quando você, mesmo sabendo de tudo isso, não consegue odiá-los.


                  Postado em homenagem a M. , para V. e para outras pessoas que sabem muito bem o que fizeram. Obrigado, G.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Segundo show, primeiro ato

          Marcha Infernal


    Uma alma desperdiçada,
    Uma alma recrutada.
    Uma alma corrompida,
    Uma alma prometida.
    E assim se enche lentamente,
    O exército da o desilusão inconsequente.

domingo, 3 de maio de 2009

Intervalo

Um novo dia.



Estou em êxtase. Confusa, machucada, mas em êxtase. Sonhos se realizam, no fim. Eu sempre tive uma relação turbulenta com meu pai, por causa da separação ter sido minha culpa. E ele sempre esperou mais de mim, do que posso realmente dar. Sempre aturei a mulher dele. Aturar é o verbo certo. Ela não gosta muito de mim, e eu não gosto muito dela. Mas nos damos bem, até. Nunca brigamos. Ela tenta me agradar, eu tento agradá-la. Mas então, de aniversário e de formatura, meu pai me deu mais uma notícia: o sobrinho da mulher dele iria morar com eles. Nada contra ele. Ele me trata com uma prima, não me faz mal, estamos de boa. Mas não é meu melhor amigo. Eu suporto ele. A questão é que meu pai sempre deu mais coisas, mais sentimento, mais tudo, para ele do que para mim. Mas eu estou em êxtase. Desde de que me conheço por gente, eu sempre quis ter um irmão. E mesmo depois da separação dos meus pais, eu continuei sonhando que um dia, isso aconteceria. Não importava com qual. E aconteceu. Estou feliz, empolgada, ansiosa. Já vi filmes&séries, que, quando um novo bebê nasce, os primeiros filhos são esquecidos. Mas me conhecendo bem, acho que vou mimar tanto esse pequeno ser, vou ficar sempre tão perto dele ou dela, que não terá como se esquecerem de mim. M. disse que nossa relação vai melhorar. Tenho fé, nisso. A questão é que eu estou feliz.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Bis

Minhas lágrimas secaram. Eu tentei tanto te ver sorrir, eu tentei tanto não me importar, que elas secaram. Eu perdi talvez a única coisa viva que restou em mim: lágrimas. Eu tentei tapar o vazio com os amigos, com os passeios, com as rotinas. Mas nada disso adiantou. A dor voltou, cortante como uma faca, imensa como o espaço, intensa como as memórias. E com ela, o arrependimento. O arrependimento de ser eu. O arrependimento das escolhas. Eu perdi a razão, eu perdi o coração, eu perdi o cérebro. E tudo por causa de uma maldita página de internet. Mas ainda assim eu fui inútil. Eu fui uma péssima amiga. Eu deveria estar aí. Eu falhei com você. Mas eu já tinha falhado comigo mesma antes disso. Minhas lágrimas secaram. Meus pensamentos voaram. Meus sonhos esvairaram. Eu tento me aproximar, eu tento te ver sorrir. Mas a quem estou enganando? Um amigo me disse que alguém ferido não cura os outros por completo. tem que ficar inteiro primeiro. Mas eu apenas não tenho mais condições. Eu tentei, realmente tentei. Mas minha doença não tem cura: ingenuidade. Já chamaram de pureza. Já chamaram de bondade. Já chamaram até de dom. Não fui feita para ser aceita. Só para ver e sentir o que os outros ignoram. Já disseram que eu sou diferente, que sou especial, que eu sou viva. Mas eu não me sinto viva. Eu me perdi dentro de mim mesma e não encontro a saída. Porque minhas lágrimas secaram.

Primeiro show, último ato.

Gritar. É o que eu quero nesse momento. Eu queria ser útil pra B. Eu queria trazer o M. e a A. de volta. Eu queria que as pessoas me entendessem. Eu queria não sentir tanta falta de alguém. Eu queria não ser eu. É só o que eu queria. Eu queria da rum fim neste show. Eu queria que alguém me aplaudisse, mas seria vago demais, falso demais. Eu só preciso gritar.

sábado, 18 de abril de 2009

Primeiro show, quarto ato.

          Ilusionismo

Em minhas insanidades eu contornei, o seu rosto banhado em sangue que eu desenhei. Em minhas loucuras mais perfeitas eu achei, o seu sorriso numa máscara que eu recortei. Como cascas de pele retiradas com expressões, mais falsas, são só ilusões. O sangue escorre entre meus devaneios, e a máscara ganha vida, invadindo-me por inteiro. Medo. Dor. Saudade. Frio. E por fim, morte. A máscara se fixa em meu rosto, e tudo se torna tão obsoleto quanto uma peça teatral: tão ensaiado, tão fantasioso, tão distante do mundo real.

Primeiro show, terceiro ato.

Tantos rostos, tantas dores, tantos sonhos, tantas vozes, tantos gritos, tantas almas, tantas lágrimas.



       Círculo Vicioso                     
   Até as coisas complacentes, diferentes e presentes são irreais. A volta é dolorosa, prazerosa, enganosa.
Eu só preciso sair. Gritar, pensar, sentir, agir. E o tempo é o guardião da minha vontade. Ele tortura, aprisiona, enfeitiça e questiona.
Até as coisas complacentes, diferentes e presentes são irreais. Eu quero tocá-las. E elas fogem entre meus dedos, mais uma vez. E apenas se repete.

Primeiro show, segundo ato.

Diz uma música que me inspirou a escrever, a música que atualmente me move e que conheci através de um grande amigo meu (muito obrigada, B!), que diz o seguinte: ' Sorria como se fosse verdade. ' Essa música, do The Killers me encheu por completo de coragem. Sorria. É uma tarefa bem fácil se parar pra pensar. Mas sem ver o outro lado da coisa. Sorria como se fosse verdade. Não, não é uma tarefa fácil fingir que está tudo bem só para não preocupar os outros. Bem, eu sou perita nesse assunto. Eu faço isso quase o tempo todo. E sabe por quê? Porque eu amo demais as pessoas para preocupá-las com minhas coisas.

' Guarde algumas faces, você sabe que só tem uma.
Mude seu jeito enquanto você é jovem. (...) Sorria como se fosse verdade. Sorria como se fosse verdade. Olhando para o pôr-do-Sol no leste, nós perdemos a música do momento. Sonhos não são o que costumavam ser. Algumas coisas pararam sem se importar. Sorria como se fosse verdade. Sorria como se fosse verdade. '

Esta passagem explica todo meu drama do dia-a-dia: as falsas faces. Sem mais.

Bis

As pessoas nunca são o que parecem. Por que é que o mundo de hoje é tão superficial, tão crítico, tão preconceituoso? Hoje eu vesti a camisa do 'e daí?'. E daí que eu um dia gostei do RBD, assisti a novela e sei as músicas ainda? E daí que eu já fui viciada na Turma da Mônica? E daí que eu já gostei de Sandy&Júnior? E daí que eu sou alérgica à corante? E daí que eu tenho vergonha de algumas coisas? E daí que eu tenho medo do escuro? E daí que eu ão suporto funk? E daí que eu leio o tempo todo, escrevo o tempo todo? E daí que eu sou São Paulina? E daí que eu não gosto do Nx-Zero nem do Fresno? E daí que eu adoro futebol, e só entendo um pouco? E daí que eu já gostei de High School Musical? E daí que eu ainda vejo desenho, amo musicais e adoro a Disney? E daí que eu gosto dos desenhos de contos-de-fadas (são pra crianças, mas e daí?) E daí que você pode estar chorando, rindo, ficando irritado, se inspirando, se matando, bebendo, namorando, comendo ou derivados ao ler isso? E daí que está achando uma bosta? E daí que está amando? E daí? Por que é que as pessoas não respeitam os gostos da outras? E daí que meu time perdeu, ou ganhou? O que é que eu vou ganhar tentando provar alguma coisa? Nada. Se você tenta provar algo de si, é porque você não é. E daí que eu não gosto de balada, não saio muito? E daí? O que é que você tem haver com isso? Apesar de tudo, mesmo eu gostando ou não das mesmas cosias que você, eu te respeito. Te respeito, e não te critico.Que o ser-humano tenha um pingo de decência pra tentar fazer o mesmo. Pra tentar aceitar opiniões, pra se esforçar para abrir a mente, expandir os horizontes. E se não fizer, que ele tenha um pingo de consciência, de decência de humanismo para respeitar quem o faz. Agora me respondam: vale mesmo julgar um livro pela capa? Por que é que nós não conseguimos vestir a camisa do 'e daí?' pelo menos por um segundo? Por que é que o ser-humano é tão desprezível? Alguém pode me dizer?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Primeiro Show,primeiro ato


Por que a gente chora? Por que a gente sorri? Por que a gente pensa? Por que a gente sente? Por que a gente nasce? Por que a gente morre? Por que a gente fala? Por que a gente mente? Por que a gente cria? Por que a gente copia? Por que a gente enfrenta? Por que a gente teme? Por que a gente tenta? Por que perde, ganha, lembra, esquece? Por que a gente ainda tenta, se nada disso vale à pena?
Às vezes eu só queria sumir, desaparecer. Às vezes eu só queria que as pessoas lessem a minha mente, assim eu não precisava tentar o tempo todo.